Estando num estado
repartido pela ética e pela podridão da dignidade. Sim, uma novidade, ela ainda
existe. E pode estar bem perto de você, sem se fazer percebida. Digo, a sua
dignidade, a sua dignidade compartida. Compartilhada, pode até ser que esteja esquartejada,
mas ainda, ela está lá. Cultive-a, estando perto. Ela pode ser seu maior dom,
presente ou qualquer coisa próxima disso.
Como se guiar, quem
guiar, o que escolher, pelo o que escolher. Muitas perguntas, sem respostas,
sem sentido, sem ilusão e também sem coragem de apropriação.
Diria que, onde
estaria a luz, neste instante, pode estar encoberta por uma escuridão profunda.
E o que falo não tem juízo de valor. Apenas juízo sem julgamento.
Mistério. O não dito
fala, e corre o risco de ter razão, apenas por ter ficado calado pensando. Isto
traz uma consciência própria e rara nos dias de hoje. O juízo pediu férias
adiantadas, o seguro morreu de velho, a precaução tirou licença de doença, o
espírito ainda pode ser que esteja por ai tomando um café até as coisa
acalmarem.
O instante em que as
coisas se fazem é também o mesmo instante em que as certezas desaparecem.
Os quereres ficam
divididos pelos afetos. Pelos desejos. Pelos que ainda não sabem em que lado
estar. Medir as coisas parece necessário. E o peso delas, tem cheiro de
verdade. O que pesar para um lado pode ser que seja mesmo o mais importante.
Não use a ignorância para esta equação. Será chamada de estupidez. Não temos
tempo. Pendule e caia. Fique, se estabeleça para lado algum. Algum há de fazer
sentido. Permanecer em cima do fio não parece o caminho. É preciso estar
fazendo volume. Volume de afeto, comunhão, estabelecimento de aconchego. Siga o
que talvez possa esquentar seu coração.
Faça sua escolha, ela
não é tudo isso tão difícil assim, ela é o que você faz todo instante.
Ler ou não ler,
escutar ou não escutar, comer ou não comer, pegar ônibus ou ir a pé. Estar só,
estar junto. Ficar ou ir. Sorrir ou magoar. Sair ou permanecer, estar ou ser,
ficar ou ir. Vestir ou despir-se. Dizer ou calar-se, ajudar ou se fingir de
coitado. Poder ou vitima, assumir ou fazer,
A arte que me deixa
só ou é o mundo que precisa se concatenar que vivemos de afeto e afetar?